A vice-coordenadora do curso de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Juliana Damasceno, denunciou ter sido chamada de “vadia” por um colega durante uma reunião da Congregação da Faculdade de Direito, realizada no último dia 6 de outubro. Segundo a professora e advogada, as ofensas partiram de Pedro Maciel São Paulo Paixão, presidente do Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB), em meio a um debate sobre uma questão de ordem relacionada a um processo eleitoral interno.
Em nota de esclarecimento publicada em suas redes sociais, nesta quarta-feira (15), Juliana relatou que o ataque ocorreu “por razões da condição do meu sexo feminino e também do exercício das minhas funções administrativas de natureza pública”. O insulto, repetido três vezes durante a reunião, foi classificado pela professora como um ato misógino e doloso, que reflete o machismo ainda presente nos espaços acadêmicos.
“Essas gravíssimas ofensas carregam o ranço da cultura patriarcal, que nega a legitimidade da presença feminina em posições de representação e hostilizam todas as mulheres que lutam por reconhecimento, respeito e igualdade dentro da academia”, afirmou Juliana em sua nota.
A docente afirmou ainda que as medidas legais já estão sendo adotadas e destacou confiar na atuação das autoridades públicas competentes.
Em nota oficial, a Faculdade de Direito da Ufba informou que a denúncia foi registrada formalmente e encaminhada à Ouvidoria da Administração Pública Federal, conforme as diretrizes da Controladoria-Geral da União (CGU). A instituição afirmou ainda que, durante a reunião em que o fato ocorreu, a professora recebeu moções de solidariedade de colegas da Congregação.
“A Direção da Faculdade de Direito, em resposta ao quanto requerido pela docente através de ofício, solicitou à Ouvidoria manifestação acerca dos procedimentos acerca dos fatos ocorridos de ofensa a docente e membro da Congregação, na reunião da Congregação da Faculdade de Direito no início da tarde de hoje, dia 6 de outubro de 2025, consubstanciado nos marcos regulatórios da Controladoria-Geral da União – CGU, em especial, a Portaria Normativa CGU Nº 116/2024”, diz o trecho da nota.
O caso ganhou ainda mais repercussão após o ex-prefeito de Euclides da Cunha, Luciano Pinheiro, irmão da professora Juliana Damasceno, se manifestar publicamente sobre o episódio nas redes sociais, também nesta quarta-feira (15). Em nota, o ex-gestor municipal classificou o ataque como “covarde e inaceitável”, prestando solidariedade à irmã e reforçando a necessidade de combater atitudes misóginas e desrespeitosas no ambiente acadêmico e social.
O Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB), citado pela professora, também se pronunciou por meio de nota à imprensa. A entidade afirmou que “o áudio vazado não foi dirigido à professora” e declarou que o grupo “não compactua com qualquer forma de violência”.
Enquanto as investigações seguem, o episódio reacende o debate sobre a violência de gênero nas universidades e a importância da equidade e do respeito no ambiente acadêmico, um espaço que, apesar de destinado à construção do conhecimento, ainda reflete as desigualdades e resistências enfrentadas por mulheres em cargos representativos.
Um cartaz foi afixado no elevador e entrada da Faculdade de Direito da UFBA, com os dizeres: “E se a sua mãe fosse chamada de vadia no local de trabalho?” A mensagem, escrita em letras maiúsculas como um ato de solidariedade e de repúdio.
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✍🏻 euclidesdacunha.com./ Cláudia Xavier
Fonte: Notas oficiais publicadas nas redes sociais de Juliana Damasceno, Faculdade de Direito da UFBA e Centro Acadêmico Ruy Barbosa






